10 de dezembro de 2009

Classe C e D na era digital

Quem nunca ouviu alguém falando sobre o grande potencial de mercado que existe nas classes C e D? Pois é. Com certeza o Grupo Pão de Açúcar sabe disso e investiu muito dinheiro nessa semana para adquirir as Casas Bahia. Independente de valores, da forma como foi feito e do que isso influenciará no mercado, acho interessante conversamos sobre o grande grupo de pessoas que o Grupo Pão de Açúcar vai ter ao alcance com essa jogada.

Com a economia brasileira indo cada vez melhor (mesmo com efeitos da crise) e o governo fazendo cada vez mais programas sociais que geram renda para as classes menos favorecidas, participamos de um momento no qual a classe média está inchando. E, com isso, o consumismo vai acompanhando esse crescimento. Vocês viram alguma ação do governo durante a crise para ensinar os brasileiros a poupar? Eu só vi o Lula falar: "Não parem de consumir!". Tudo bem que a indústria cresce, mas o individamento do povo também.

Mas e o que eles compram? Com certeza tudo que divide em várias vezes (mais um ponto negativo para a falta de educação financeira) e algo que nunca teve a oportunidade de ter em casa. Nesse bolo entram TVs maiores, celulares, eletrodomésticos e COMPUTADORES. Esse último item muito nos interessa, afinal, quem se lembra de quanto os computadores custavam a alguns anos atrás? Hoje em dia, você compra por menos de R$ 1.000,00 e ainda divide em 10 vezes. "Quer pagar quanto?" é o que as Casas Bahia dizem para esses consumidores loucos por novas tecnologias. E, na hora de pagar, se falta dinheiro, que tal um empréstimo?

Então as classes C e D estão entrando agora na internet? Não... Aquelas lanhouses, abandonadas pelos jovens das classes A e B, já estavam cheias de uma nova geração que buscava principalmente "se socializar". Em um encontro sobre o perfil dos usuários da internet, enfatizaram bastante que esses novos internautas utilizam a rede como telefone. Ou seja, conversar, conhecer e interagir com outras pessoas. Essa é a razão para o Brasil ter a maior quantidade de usuários do Orkut no mundo. Tudo bem que "no mundo" podem explicar que o Orkut nunca foi um sucesso nos EUA e em outros países, mas a classe C que tornou essa rede social a maior do país.

E tenho mais boas notícias para quem quer atingir esse público. Além do acesso estar aumentando nas casas, os mais velhos estão descobrindo as compras online. Quando sites como Buscapé e Bondfaro ficarem mais famosos para essas classes, teremos novas revoluções na rede.

Sem perder a chance, vou terminar com tendência. Lembra dos itens que falei que essas classes estão comprando? O celular é "o cara" da vez. Se imaginar que a quantidade de celulares está próxima da quantidade de TVs, já se percebe a penetração desse pequeno objeto. Mas, se você não trabalha em empresas relacionadas com serviços e produtos para celulares, não fique chateado. Com a internet wi-fi em ruas, praias e shoppings, uma nova geração pode buscar mais acessar a rede pelo aparelho móvel do que pelos desktops. Prepare-se! No Japão, isso já aconteceu.

1 de setembro de 2009

e-Bay vende Skype

Está em todos os lugares hoje: um grupo de investidores comprou 65% do Skype por U$ 2,75 bilhões. O que tem de interessante nessa matéria? Eu encontrei algo...

Antes, uma introdução para os menos antenados: para aqueles que não sabem o que é Skype, trata-se de um serviço que oferece ligação pela internet através de VoIP. Ou seja, ao invés de você ligar por linha telefônica, você liga pela internet. Benefícios? Ligação gratuita para qualquer usuário de qualquer lugar do mundo que também esteja online e inclusão de vídeo na conversa. Existem outros serviços mas esse é o principal.

Feita essa introdução, já podemos partir para a parte que realmente importa dessa matéria. O e-Bay, em 2005, comprou o Skype dos seus criadores desembolsando U$ 3,1 bilhões de dólares. Na época, a intenção era trazer esse serviço para o site do e-Bay, o que não obteve sucesso. Dá para perceber pelos valores de compra e venda. Negócios grandes na internet tendem a valorizar muito rápido e esse não foi o caso do Skype. Por que? Porque é difícil descobrir uma forma de rentabilizar um serviço que tem na sua base a GRATUIDADE.

Vamos a alguns exemplos:
- O Youtube, que revolucionou a distribuição de conteúdos audiovisuais sob demanda (ou seja, cada um assiste o que deseja na hora que deseja), sempre foi um serviço gratuito. Apesar do seu astronômico sucesso, hoje já figura entre os 10 sites mais visitados do mundo, os seus criadores não conseguiam fazer esse negócio rentabilizar, pois os usuários não iriam aceitar começar a pagar para assistir vídeos depois de terem recebido isso de graça. Apesar desse negócio ser "aparentemente" zero lucrativo, nada menos do que o Google e o Yahoo entraram na briga para comprar o Youtube. O Google comprou por U$ 1,65 bilhões e começaram a inserir publicidade.

- O Google é uma das empresas que mais soube lidar com essa nova realidade de que todos os usuários querem tudo agora e de graça. A maioria dos seus produtos são gratuitos para os usuários. E quem paga a conta? São os anunciantes. A receita de links patrocinados (aquelas propagandas que ficam do lado direito da tela quando você busca algo) é o principal gerador de lucro para empresa.

- O Twitter é um outro exemplo. Ele está naquela fase que o Youtube passou. Já está chegando entre os 10 sites mais visitados do mundo, entretanto não gera um centavo de lucro para os donos. Se eles querem vender? Claro que não! Afinal, eles sabem do potencial da rede social. O que está faltando é descobrir a melhor forma de conseguir rentabilizá-la.

Logo, voltamos a pergunta inicial. O que há de interessante no título desse post? É muito difícil fazer negócios que nascem como serviços gratuitos darem lucro. Então devemos cobrar desde o início? Claro que não! Diante da quantidade de serviços disponíveis na rede, os usuários preferem os produtos gratuitos. O que se precisa entender disso tudo é que, diante de um serviço gratuito, você precisa arranjar uma forma de rentabilizá-lo de outro jeito. O Google tem uma das formas (ou a forma) mais bem sucedidas nesse novo cenário: os links patrocinados.

Existem diversos outros exemplos. Veja a Banda Calypso (ok... de Google para Banda Calypso existe uma diferença muito grande, mas releve porque o exemplo é bom!). No início da carreira, quando eles não cantavam na mesma semana no Faustão, Gugu, Hebe e Turma do Didi, eles enfrentaram um grande problema: CDs piratas. Sabe aquela velha história de que a indústria da música vive falando que as pessoas não deveriam baixar músicas na internet ou comprar Cds piratas? Pois é. O que é considerado ilegal pela indústria da música, foi responsável na expansão do sucesso da Banda Calypso. Se não fossem os Cds piratas vendidos a R$ 5,00 e as músicas espalhadas pelos próprios usuários nesses programas de troca de arquivos gratuitos, eles provavelmente não estariam onde estão hoje. E como a banda faz dinheiro? Shows, aparições em programas e (também, mas menos importante) venda de CDs originais. Tudo isso por causa do sucesso que conquistaram através do talento (sem entrar em discussões de gostos, mas para estar onde estão eles precisam ter algum talento), mas, na minha opinião, principalmente da facilidade que a internet e as novas tecnologias trouxeram para difusão de idéias e conteúdos.

Logo, quando você ver um anúncio de um produto em algum site que oferece um serviço para você, não reclame. Agradeça! Afinal, a conta que você deveria estar pagando está indo para a conta de outra pessoa.

25 de agosto de 2009

Para que se destina esse blog?

Após participar de diversos fóruns, palestras, cursos e discussões sobre marketing digital, percebi que eu não era o único tentando aprender como lidar nesse novo cenário. Experientes profissionais de internet estão sempre falando por aí: "estamos todos remando juntos nesse mar de incertezas". Isso é engraçado, pois sempre existe alguém que se diz especialista em certo assunto, mesmo que não o seja. Mas, nesse caso, ninguém está se arriscando, o que abre portas para todos. Isso mesmo, todos!

A Internet possibilita isso. Afinal (já era hora!!), de uma idéia, você pode construir um grande império (obviamente, com muito trabalho, seriedade, conhecimento e a famosa sorte). Veja o Facebook e o Google. Eles não precisaram de grandes meios de comunicação para se tornarem o que são. Milhões em anúncios de TV? Acharam melhor uma boa assessoria de imprensa e um alto poder de boca-a-boca. Custo de mídia? Zero! Vale acrescentar que, de acordo com o estudo da Millward Brown, a marca Google chegou ao topo em 2009, tornando-se a marca mais valiosa do mundo. Ela deixou para trás aquelas marcas que gastam bilhões para estarem próximas dos seus consumidores, como Coca Cola e McDonald's.

Internet... internet... internet... Parece exagerado? Acredito que não, afinal tudo mostra que ela se tornou essencial para qualquer tipo de empresa, agência ou indíviduo. Sim! Agora estar em redes sociais pode garantir empregos, ou perdê-los.

Entretanto, não vamos ser irracionais e achar que tudo vai acabar e a internet vai reinar soberana. Assim como aqueles discursos de nutricionistas que o que vale é um poquinho de cada, isso vale também para o marketing atual. Saber dosar de acordo com o público-alvo, sem deixar se levar pela agência de publicidade (que vai dizer que a TV tem um CPM muito mais baixo e uma abrangência muito maior) nem pela agência de internet (que vai dizer que anunciar na internet já leva o consumidor direto para a ação e etc). Uma definição boa para esse novo marketing está no nome do blog e peguei de uma fala do Diretor de Publicidade do IG. Marketing Tradigital. Meio do caminho... mas, na minha opinião, cai um pouquinho mais para o digital.